
Com as lutas femininas entre os séculos XIX e XX, criou-se o Dia Internacional da Mulher, datado em 8 de Março, evidenciando para todos a necessidade de melhores condições de vida e trabalho para as mulheres. Se naquela época era difícil aceitar a atuação delas em áreas como a Odontologia, atualmente o cenário está evoluindo positivamente.
De acordo com o Censo desenvolvido pelo IBGE, 69% dos profissionais que se formam são do sexo feminino. Contudo, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) constatou que a Odontologia já foi majoritariamente masculina, conforme números do ano passado. Entre os inscritos no CFO, predominam homens a partir dos 61 anos, mas de 60 para baixo dominam as mulheres, aumentando de 10 em 10 anos a proporção ativa delas no Conselho.
Indo mais além, o órgão também observou pelo balanço que entre os 484.450 inscritos no período analisado, sejam cirurgiões-dentistas, técnicos em prótese dentária (TPD) e em saúde bucal (TSB) e auxiliares em saúde bucal (ASB) e prótese dentária (APD), 337.336 (69,6%) são mulheres contra 147.114 (30,4%) de homens. Especificamente relacionado ao cargo de cirurgião-dentista (CD) elas são 181.301 (60,1%) de 301.532 profissionais, demarcando ainda mais seu espaço que igualmente é de seu direito.
Como percebemos, as mulheres são a maioria nesta área. No Brasil, a mudança iniciou na década de 80 dentro das instituições de ensino. Contudo, a grande virada aconteceu no período seguinte, quando elas chegaram em toda a categoria. Esse crescimento exponencial ilustra o avanço da presença feminina no mercado de trabalho como um todo.

De esposa para marido
No dia 14 de março de 1833, coincidentemente no mesmo mês em que é comemorado o dia Internacional da Mulher, nascia Lucy Beaman Hobbs Taylor (foto), primeira mulher a se formar em Odontologia no mundo. Mas o seu caminho para que conseguisse colar grau, foi longo e difícil.
Em 1861 Lucy começou a estudar em particular com a supervisão de um cirurgião-dentista, que concordou em ensiná-la. Posteriormente, com seu conhecimento bem avançado na área, abriu seu primeiro Consultório Odontológico, uma prática comum na época, pois haviam poucos cirurgiões-dentistas formados.
Em 1865 Hobbs finalmente ganhou o seu reconhecimento profissional, sendo admitida na faculdade de Odontologia, sob a influência da Sociedade Dental do Estado de Iowa, nos Estados Unidos, na Ohio College Of Dental Surgery. Devido aos seus anos de prática e seu grande conhecimento, ingressou como veterana, e em 1866 se tornou a primeira mulher no mundo com graduação e doutorado em odontologia.

Lucy Beaman Hobbs Taylor fazendo Odontologia na prática
Depois de ser a primeira mulher a receber a graduação de cirurgiã-dentista, casou-se com James M. Taylor e o ensinou as práticas. Os dois trabalharam juntos até a morte de James, em 1886, quando Lucy passou também a defender os direitos de todas.

A 1ª Dentista Brasileira
Em 1906, 40 anos após Lucy, Isabella Von Sydow (foto), foi a primeira mulher no Brasil a se graduar em Odontologia, pela Escola de Odontologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a sua turma de formandos tinham quatro pessoas e Isabella era única mulher da sua turma. De acordo com os registros históricos, as primeiras mulheres Cirurgiãs-Dentistas vinham de famílias em que seus pais ou maridos já exerciam a profissão e que as ensinavam o ofício.
Isabella não apenas quebrou barreiras de gênero, mas também compôs um grupo exclusivo de quatro profissionais formados pela primeira turma da Escola de Odontologia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.
Em um contexto onde a presença feminina na odontologia era escassa, sua determinação e excelência acadêmica destacaram-se, abrindo caminho para futuras gerações de mulheres dentistas no Brasil.
Sua história inspiradora continua a servir como um lembrete do poder da perseverança e do talento feminino, moldando o curso da profissão odontológica no país e inspirando aspirantes a seguir seus passos.
Sempre pioneira
A Associação dos Cirurgiões Dentistas da Baixada Santista (ACDBS), que completa 100 anos em 2025, é uma casa de mulheres e para nós todo Dia é Dia da Mulher. Muitas Cirurgiãs Dentistas atuaram aqui em nossos cursos, diretorias e ações de fortalecimento da Odontologia, da Saúde Bucal e da classe dos Cirurgiões Dentistas. Mas, aproveitando a passagem deste Dia Internacional da Mulher (08 de março), destacamos o pioneirismo da ACDBS sempre foi uma marca em nossa centenária história. Prova disso é que os Cirurgiões Dentistas foram os primeiros a aceitarem uma mulher presidindo sua principal entidade na Baixada Santista. Em 1997, a Cirurgiã Dentista Maria Christina Coelho Loyo fez história e foi eleita a Primeira Mulher a Presidir a ACDBS. E a história ainda é maior já que a ACDBS, naquele momento, se tornou a primeira entidade de classe relevante da Baixada Santista a ser presidida por uma mulher.
Guerreira, forte e determinada, Dra. Maria Christina Coelho Loyo lembra como se tornou a primeira presidente mulher da ACDBS. “Minha entrada como presidente da ACDBS começou numa reunião de amigos em um bar no Canal 3, em Santos: “Christina, você é o nome da vez para concorrer à presidência da entidade”, essa era a voz corrente de todos os colegas presentes. Lembro que tomei um susto, porque sempre foi o Clube do Bolinha. A chapa venceu e eu fiquei como presidente da entidade em dois biênios, 1997/1999 e 1999/2001, acabei conseguindo fazer dois mandatos. Fiz de tudo para não vestir a camisa a princípio, mas quando cheguei à presidência, não teve jeito, fui de corpo e alma”.
Ela confessa que não tinha se dado conta que estava fazendo história: “Sinto que a mulher tem de provar seu valor todos os dias. A prova de fogo é alta! Nem fazia ideia que ia ser a primeira mulher presidente de entidades de classe da Baixada Santista. Depois de mim, os advogados, médicos e outras classes aqui da região elegeram mulheres presidentes. Acabei sem saber sendo a desbravadora”.

Dra. Maria Christina Loyo Coelho (foto) destaca que suas duas gestões tiveram marcas indeléveis nos 100 anos da ACDBS. “Penso que dois destaques da minha gestão foram os árduos trabalhos na reforma da entidade e um congresso que promovemos muito na mídia e vieram pessoas de todo o Brasil”. Ainda atuando na Odontologia com brilhantismo, a eterna Presidente lembra de sua relação de amor com a ACDBS: “A ACDBS sempre esteve presente em minha vida desde que eu era estudante de Odontologia. Depois de formada na UFPR, fazia os cursos para me atualizar. Entrei como coordenadora de ensino e, posteriormente, entrei para a Diretoria Científica da Associação, onde existiam as especialidades, e eu fiquei responsável pela Periodontia. Depois acabei levada a ser a Primeira Presidente e fazer história".
Ela lembra o aprendizado que teve como presidente; "Aprendi muita coisa como presidente. Se a minha grande escola na faculdade foi a prevenção, diria que aprendi um outro lado da prevenção, especialmente no Direito, com base nas leis trabalhistas e em outras esferas. Na minha visão, a Associação traz um vínculo maior com o cirurgião dentista, mais sentimental e próximo em relação aos Conselhos e Sindicatos de classe. Está ligada ao Social, mas, especialmente em seu principal eixo, que é o Científico. A ACDBS é, definitivamente, a casa do cirurgião dentista!”.

Atual Presidente da ACDBS, Dr. Osvaldo Sérvulo da Cunha (foto), lembra que hoje a maioria dos profissionais de odontologia é composta por mulheres. “De acordo com o Conselho Federal de Odontologia – CFO, são mais de 71,82% Cirurgiãs-Dentistas com inscrições ativas no país. Isso mostra a força da mulher e aqui na ACDBS as doutoras sempre estão presentes com competência, relevância e importância ímpar. Temos orgulho de todo o pioneirismo que temos na questão dos Direitos das Mulheres e convido a todas Cirurgiãs Dentistas que participem da ACDBS que aqui terão voz, vez e direito de comando”.
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