De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3 milhões de brasileiros sofrem com a Epilepsia, doença causada por uma alteração do funcionamento do cérebro.
Apesar de ser uma das doenças neurológicas mais comuns, quem recebe o diagnóstico enfrenta muitos desafios. Além de afetar as atividades do dia a dia, a falta de informação e o preconceito por parte das pessoas ainda são recorrentes. Portanto, março tornou-se o mês de conscientização sobre a doença em todo o mundo, simbolizado com a cor roxa.
Afinal, como a Epilepsia se manifesta? Conforme explica a neurologista Dra. Andréa Anacleto, professora e doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP), nosso cérebro é formado por bilhões de neurônios, que são células nervosas. Para que haja comunicação entre esses neurônios, eles usam impulsos elétricos e sinais químicos, e essas atividades são organizadas e sincrônicas.
“Quando esse processo ocorre de forma desordenada, como se fosse um ‘curto circuito’ na rede elétrica de nossas casas, ele dá origem a uma crise epiléptica. Muitas são as causas das crises epilépticas ou crises convulsivas, dentre elas podemos considerar as alterações metabólicas, os traumas... Porém, um paciente só pode ser considerado epiléptico se houver permanente predisposição do cérebro em causar crises epilépticas e suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais”.
A epilepsia não tem cura, mas pode ser controlada com o uso de remédios. “Muitos pacientes epilépticos apresentam um bom controle das crises com o tratamento medicamentoso regular e seguindo todas as orientações médicas, como evitar excesso de bebidas alcoólicas e manter uma rotina de sono saudável. Por outro lado, poucos pacientes podem ser resistentes ao tratamento com remédios. Para estes, as crises não serão completamente controladas e podem ser encaminhados para tratamento cirúrgico ou alterações na dieta”, orienta Andréa.
Devido às crises convulsivas, o paciente com esse quadro pode apresentar contrações descontroladas e involuntárias dos músculos do corpo. Por serem alguns dos sintomas mais comuns, acabam fazendo com que o paciente sofra quedas, que podem ocasionar diversos traumas, inclusive dentários - portanto, é fundamental a presença de um cirurgião dentista preparado para lidar com pacientes que apresentem este perfil.
De acordo com o Dr. Fued Samir Salmen, cirurgião dentista mestre em Cirurgia Maxilo Facial pelo Complexo Hospitalar Heliópolis e doutorando em Cirurgia Maxilo Facial pela Faculdade de Odontologia de Araraquara (UNESP), a primeira atitude é realizar uma boa anamnese. “Saber que o paciente tem essa predisposição ajuda a evitar e até mesmo a cuidar de eventuais intercorrências”, explica.
Dr. Fued também ressalta que, assim como os enormes ferimentos na língua, traumas dentários, ferimentos corto-contusos e fraturas nos ossos da face são muito comuns (veja quadro abaixo com casos clínicos mais comuns). Tratar essas lesões, segundo ele, é de responsabilidade do Cirurgião Dentista e do Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial.
“É muito recomendado que todos os cirurgiões dentistas façam o treinamento de ATLS (Curso de Suporte de Vida Avançado no Trauma) que normalmente dura dois dias e tem certificação internacional. Muitos hospitais e Faculdades de Medicina, assim como de Odontologia, oferecem esse curso semestralmente”, complementa Dr. Fued.
VOCÊ SABIA?
O março roxo foi criado a partir do dia 26 deste mês, que se tornou oficialmente o dia internacional de conscientização sobre a Epilepsia. A data foi criada em 2008 pela canadense Cassidy Megan, paciente à época com 9 anos de idade, numa parceira com a Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS). Ela escolheu o tom roxo, que representa o isolamento vivido por muitas pessoas que apresentam esse diagnóstico.
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